tag:blogger.com,1999:blog-20336619.post1874098552727955792..comments2024-01-25T00:49:58.365-03:00Comments on Nana Atallah: Nana Atallahhttp://www.blogger.com/profile/14295179521138807208noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-20336619.post-4282127744668131182010-11-19T00:21:11.195-02:002010-11-19T00:21:11.195-02:00Este post é de 2008. Assim sendo, sei que esta ref...Este post é de 2008. Assim sendo, sei que esta reflexão está desactualizada. Já não pensa assim.<br />Tornou-se adulta. Ainda bem.<br />Ler, representa agora uma das suas ambições. Encontrou o caminho. A cultura é parte integrante da sua vida.<br /><br />Agora, a minha reflexão.<br /><br />Pobres leitores deste rico Ocidente atulhado em bugigangas de papel disfarçadas de livros, tralha iletrada embrulhada em talha dourada: quereis saber quem sois? <br />Quereis conhecer o fundo infinito do vosso ser sem fundo?<br /><br />Nos poetas o encontrareis. <br /><br />Falo dos poetas convocados pela palavra, em prosa ou verso, ficção ou ensaio, não dos seus muitos e muito fáceis imitadores - aqueles costureiros do tempo que, com um retalho de real (uma frase de autocarro, uma linha de teoria, um alinhavo cinéfilo), mais um laivo de turismo virtual e um pó de humor de manual, fazem volume de estilistas - seja na versão compacta da feijoada paradigmática para triunfo académico ou na versão leve da salada histórica para consumo endémico.<br /><br />O que é um poema?<br />É algo para guardar.<br />Essa foi a primeira coisa que aprendi com o brasileiro António Cícero, esplendoroso poeta (também ensaísta, como é próprio dos poetas, sendo o ensaio a tempestade que prolonga o relâmpago do poema) da língua portuguesa - e das outras todas, porque a poesia é babélica.<br /><br />Só não dá por isto quem vive com o ouvido da alma curvado, por excesso de reverência para com a língua inglesa.<br /><br />A segunda coisa que aprendi com António Cícero foi a sair. <br />O português do Brasil possui aliás o substantivo "saideira", que não existe em Portugal, este país que sabe exilar-se mas nunca soube sair.<br /><br />Os poemas de António Cícero são vertiginosos, sábios, simples e autênticos como espelhos. <br /><br />A terceira coisa que aprendi com António Cícero foi a reivindicar o direito ao juízo de valor, e, em particular, ao juízo estético.<br />Cícero tem a arte de tornar claras as coisas obscuras e de caminhar, serenamente, contra as evidências, conduzindo-nos a descobrir que "muitas vezes o óbvio é meramente o impensado" <br /><br />O seu léxico é transparente e o seu espírito uma biblioteca de Alexandria. <br /><br />"Poesia e Paisagens Urbanas" e "O Tropicalismo e a MPB" - oferecem-nos reflexões inteligentíssimas sobre o mito da vanguarda. <br /><br />"A Falange de Máscaras de Waly Salomão" e "Drummond e a Modernidade" - dão uma surra revigorante nos dogmatismos críticos. <br /><br />Os outros, girando em torno desse diamante central intitulado "Poesia e Filosofia", são investigações tão minuciosas quanto surpreendentes sobre essa finalidade sem fim, no trilho de Kant. <br /><br />Cícero persegue: a beleza.<br /><br />Ass: MárioAnonymousnoreply@blogger.com