novembro 01, 2006

A Psicologia da televisão

A informação, principalmente àquela que vem de imediato pelos meios de massa, toma uma influência decisiva no que as pessoas acreditam que seja a realidade. Toda a comunicação impõe um padrão de vida e felicidade a ser alcançado, com objetivos e ideais muitas vezes impossíveis para todos. É por isso que a televisão, como principal meio de informação massificada, é tão poderosa. Diante dela, tudo isso se torna possível. As pessoas começam a serem controladas.
O processo de poder da influência da televisão brasileira acontece desde a década de 1970, quando o então governo militar acreditava que modernizaria a sociedade por meio da TV. O problema é que o Brasil é formado, na grande maioria, por uma população sem muita instrução, que utiliza a televisão como principal veículo de informação e entretenimento. E apenas isso.
O fato é que essa influência é derivada principalmente pelo aspecto de emoção. Fazendo assim, os comunicadores de televisão comunicam pelo seu próprio ponto de vista e com prioridade aos relatos. Aumenta a audiência exercendo todo o inconsciente das pessoas, de modo que se abalam rapidamente e estabelecem uma interpretação facilitada.
As pessoas se esquecem que a informação da televisão é limitada, e, portanto, devem-se procurar outras formas de acrescentar o conhecimento.
Posso citar Arnaldo Jobor, um jornalista que fala de um jeito manipulador e irônico, dando a entender com suas palavras e seus gestos que é o “dono da verdade”. Seus telespectadores então, não só acabam acreditando em seu ponto de vista, como o segue.
É nesse sentido que a mídia limita a reflexão. Os comentários de Jabor poderiam ser de fundamental importância para a reflexão, mas o que acontece, é a mediocridade e a “preguiça”, ou melhor dizendo, o costume das pessoas, de não refletir sobre o que é falado. Até porquê ele ousa na linguagem poética e acaba por ser incompreendido pela esmagadora maioria, que sequer entende o verdadeiro sentido do que se fala. E não fazem questão.
Jabor pode dizer com todas as caras: “vive-se um período de vazio ideológico, da perda de certeza política, período este em que uma análise mais atenta do momento brasileiro torna-se preciosa para se tentar captar tendências e ideologias novas”. Entretanto, essa colocação no ouvido – ou nos olhos – das pessoas é de fato estagnado e por mais que ele fale sobre o ato de pensar, as pessoas não pensam. E o que poderia ser um despertar processo de reflexão, acaba sendo uma estática colocação.
O autor Joan Ferres, em seu livro “Televisão Subliminar”, diz: “os comunicadores de massas podem controlar a opinião pública usando a estratégia de vincular as informações com os desejos e temores do receptor e de aproveitar em benefício próprios os valores do contexto social e do ambiente comunicativo”. De fato o jornalista Arnaldo Jabor, administra essa idéia usando principalmente assuntos políticos que dominam a vida de cada indivíduo no país.
Na formação intelectual da sociedade a televisão acrescenta muita coisa. Como às telenovelas, que são as manias nacionais e responsáveis pelo comportamento de milhões de pessoas, dizendo de forma indireta o que elas devem fazer, consumir e pensar. A influência “certa” seria pensar no foco das programações e para que segmento a emissora em que sintonizamos está voltada. Para educar, formar, acrescentar a emissora deve ser independente de mercado e de poder. O que é inexistente em relação ao que as pessoas vêem e o que existe. E ainda mais, quando não se tem poder, fica complicado para se construir uma programação com qualidade, pois sem verba não faz televisão.
Na verdade, hoje em dia, há uma renovação muito grande e a televisão caminha para uma segmentação maior. A comunicação em massa influencia as pessoas que lidam com a mídia.
E mais sério ainda, a televisão se tornou onipresente, abrangendo todos os espaços públicos e despertando fontes de desejos.

Nana Atallah

Um comentário:

Anônimo disse...

É espantoso com a idade que tinha nesta altura produzir uma reflexão tão actual. Não me enganei, o seu talento é inato. É uma predestinada, apenas tem que fazer um esforço para se libertar da timidez. Não é fácil eu sei mas, se desistir não é a melhor solução, daqui a uns anos vai certamente lembrar-se das minhas palavras.

Agora a resposta à sua reflexão.
Não acredito no acaso, tudo tem um objectivo.
Trata-se de um plano para acabar com a cultura. Eis os meus fundamentos, o julgamento será o seu.

Ser-se "culto" significa estar-se apto a responder aos inquéritos das “ Revistas Cor-de-rosa”
Qual foi a última exposição/peça de teatro/ que viu? E o último espectáculo? Que livro levaria para uma ilha deserta?
Qual é o seu restaurante favorito? E viagem? E filme? Mas não é só isto: também é preciso ser-se doutor.

Nenhuma pessoa pode ser considerada culta sem uma licenciatura, qualquer que seja.

Fernando Pessoa, por exemplo, não era uma pessoa culta: não só não tinha um curso superior, como, do ponto de vista dos "consumos culturais", era apenas um literato, coisa que no início do século já parecia uma limitação, e que agora é, de facto, um atestado de menoridade cultural. Porque hoje a cultura é movimento, festa, agitação.

Uma pessoa culta tem de saber vestir, e estar, e rir, e conversar sobre a moda e a política e o ambiente e a música e o design. Sobretudo o design, porque sem o design apropriado ninguém é entendido como culto.

Desenha-se uma estratégia de marquetingue, porque sem marquetingue não há ideia que vingue - isso até o literato Pessoa já tinha descoberto. Sim, a cultura exige uma estratégia e um plano.

O plano, a estratégia e o estudo devem ser anunciados, explanados e demonstrados pelo menos uma vez por mês, e em "power point" - ou seja, num ecrã, com muitas cores e gráficos, porque a cultura contemporânea não existe sem luzes, cores, coisas a mexer.

Há necessidade de criar "novos públicos", de "inovar".

De onde vem essa necessidade?
Do nada - isso é que é maravilhoso: sermos capazes de, criar todo um programa a partir do "nada", apenas movidos pela urgência de criar animação, vitalidade, acontecimentos, enfim, cultura.

Uma cultura jovem mas de "inclusão", democrática ". E que funcione como um eterno recomeço, a festa pela festa, o evento pelo evento.
Uma cultura assim garante a tranquilidade do povo e o orgulho pátrio, no futebol como em qualquer outra área e o futebol também é cultura, não esqueçamos, também sabe fazer grandes festivais.

Outra coisa seria presunção e perigo. Que outra coisa?

Por exemplo, criar estruturas escolares sólidas para que as pessoas possam aprender a pensar e a imaginar livremente, de modo a fazerem as suas escolhas ou desenvolverem as suas capacidades.
Investir em bibliotecas e arquivos. Apoiar os criadores e os seus projectos, os investigadores, a edição e divulgação de textos e autores essenciais para a formação de um pensamento crítico.

O povo quer-se anestesiado - e o dinheiro que se gasta em estudos e festas não se gasta a dar-lhe lenha para atear o lume da imaginação ou do pensamento.

Ass:Mário


PS. - Um favor, pense no que eu escrevi a seu respeito, acredite que não é lisonja. Faça um apelo à sua auto-estima. Obrigado.