Estava eu no mais contente horário do dia. Às 17:30, hora que eu chego em casa, depois de um dia cansativo de trabalho, e sei que não tenho mais o que fazer. Só que ao contrário da sensação de não ter mais obrigações, olho pro meu lado direito e vejo certo acúmulo de louças sujas. Vou ao quarto deixar minha bolsa e vejo a cama desarrumada, roupas espalhadas. Vou ao banheiro. Tiro a roupa: mais roupas sujas. O que fazer primeiro? Sinto fome. Preciso fazer alguma coisa gostosa. Há dias lancho e há dias que eu não janto. Preciso fazer comida. Arroz, feijão, bife e batata-frita. Putz, não sei fazer. Qual o ponto? Mamãe me deu a receita, mas não tenho prática. Sai tudo errado. Namorado chega. Com fome. Exausto depois de um dia de trabalho. E eu ofereço ajuda. Resultado? Está queimado, sem sal, amanhã a gente tenta de novo. Ta gostoso, mas deixa mais da metade da comida no prato. Eu nem experimento.
Tadinho...Bem que tenta agradar. Mas a besta aqui não sabe fazer nada direito.
Dia seguinte, não persiste. Entrego-me ao lanche. Tentativa bem feita de um bolo de laranja. Maravilhoso! Perfeito. Saiu rapidinho da fôrma redonda. Adivinha? Massa pronta. Impossível dar errado? Nããão! Tentei uma vez antes. Solou.
O mais estranho é o peso na consciência de ser mulher e não saber fazer jantar. É a mesma coisa que se sentir inútil e incapaz. Sinto-me triste por sonhar (quem não sonha?) em me casar. E as pessoas dizem: depende disso. E aquilo também. Se não, haverá desconforto, brigas, bla bla.
Sabe essas coisas que a gente escuta sempre? Está de saco cheio? Mesmo que esteja vivendo isso? E depois: eu não falei?
Nesse momento me sinto uma pré adolescente que quer sair de casa. E é aí que está. A tristeza bate, quando lembro que tenho 21 anos, moro sozinha há mais de um ano, e pior, meus pais se casaram nessa idade.
É triste.
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