abril 06, 2008

Nada é tão bom assim


Sonhar, vai ser pra sempre?
Alegria, apenas um lance?
Tristeza, sempre aqui?
Escrever, é, tá legal.
Tocar, vai aprender quando?
Saideira é fundamental.
Cantar, aqui não, por favor.
Falar, que complicada.
Agir, por impulso.
Ação, uma estabanada.
Fazer, tudo e quase nada.
Viajar, sempre.
Sem direção.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nunca fui ao deserto, por isso, tudo o que este me transmite vem da literatura e do cinema. Parece que é uma sensação única; quem lá vai nunca mais deixa de pensar naquilo, como se a areia entrasse para o sistema sanguíneo.

Os seus habitantes são bravos, livres e indómitos. Mas eu, que não sou dado a grandes espaços, não sinto esse apelo, até porque acredito que há outros desertos difíceis de atravessar, em relação aos quais o ser humano não tem outra escolha que não a de encher o cantil do optimismo, de respirar fundo, de se proteger do vento e do sol o melhor que puder e de seguir em frente, mesmo que não queira.

Durante a vida há muitas viagens que não se escolhem.

A travessia do deserto emocional é uma delas – viuvez, divórcio, fim de uma relação, mudança de cidade ou de país; seja qual for o motivo, a verdade é que a vida às vezes nos obriga a passar algum tempo sem ninguém ao lado.

Afinal, quer queiramos quer não, não nascemos para a solidão, ainda que escritores, músicos, pintores e artistas em geral não possam viver sem ela.

Uma coisa é escolher a solidão para poder trabalhar melhor, outra coisa é uma pessoa escolher casar-se com ela.

Não conheço nenhuma alma criativa e brilhante que tenha encontrado na solidão o seu par. E aqueles que caíram nas suas malhas não são felizes. Vivem conformados, mas todos admitem que a felicidade está noutro lugar.

Pessoalmente, prefiro uma travessia tranquila, com oásis e sem camelos, com bússola e sem mapas, um dia atrás do outro, devagar e sem miragens.
Acredito que o importante é fazer tudo com calma, contrariando o tempo com lentidão e perícia.

Os rios, ao contrário dos desertos, ensinam-me mais coisas; correm sempre para um lugar qualquer e, mesmo quando secam, os sulcos permanecem à espera das próximas chuvas.
A água que neles corre nunca é a mesma e se correr demasiado depressa, não conseguimos ver o fundo.


É verdade que nem todos os desertos vão dar ao mar, mas é bom saber que por baixo da areia correm rios subterrâneos. Quem sabe, um dia, vou mesmo ao deserto e gosto daquilo.

O melhor da vida é nunca sabermos o que vem a seguir.

Ass: Mário