maio 26, 2010

Não estou sozinha, afinal.

Estava sentada na calçada, respirando fumaça, vendo gente de graça, que nada me tira o que está dentro de mim. Atrás dessa sujeira e desconfiança, sobe e desce o desconforto, ânsia de tirar para fora o que só está dentro de mim. As palavras já não bastam, os truques corriqueiros também não. Ela sai devagarzinho, numa lógica sem razão. O entendimento vem pro final que de vez em quando não há razão que supere a emoção. Seguindo as linhas imaginárias das avenidas noturnas, buracos profundos, tornam a me despedaçar. Um percurso que devo ficar atenta, mas que de verdade, não queria ficar não. Sinto que ela está sumindo de mim, e de verdade, não queria ficar não. Santa inocência não pode fugir de mim. Céus, quanta vontade tenho do auto-controle, da posse dos sentidos, do vazio para encher. É muito chato dominar, seguir em frente, apenas, com suas próprias mãos, quando não existe isso. Não há como seguir em frente, apenas, com suas próprias mãos. E, eu tenho, eu ainda tenho que ter a inocência de acreditar que seguirei em frente segurando as suas mãos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Há os sonhos, como dizia o poeta, o sonho comanda a vida.
Meus parabéns.

Agora acordou. Esta é a realidade do dia a dia.

Vamos nos situar no dia a dia?

Por vezes é preciso afastarmo-nos da nossa rotina habitual para percebermos o quanto somos privilegiados.

Coisas básicas como poder beber um copo com água, ou dormir numa cama confortável, como são actos vulgares para nós, parecem não ter valor mas, agora imagine-se cheia de sede e sem ter o que beber, ou cheia de frio e não ter como se aquecer.

Pois é, a nossa realidade do dia-a-dia, que tantas vezes maldizemos e desvalorizamos, torna-se um paraíso quando nos afastamos e nos encontramos numa situação de carência.

Assim é o ser humano, só valoriza o que tem, ou acha que tem, quando o perde.

Ass: Mário

Carol Ornellas disse...

Você escreveu isso no dia do meu aniversário.
Ok, não tem nada a ver, você nem devia mais se importar com essa data, nem estávamos mais próximas nessa época.
Mas pra mim fez muito sentido ler isso agora, agora que muitas coisas sararam pelo menos por cá.
obrigada, estou degustando seu blog por hoje e farei mais vezes.

beijos, Nanica!